domingo, 8 de fevereiro de 2015

Dear Pain. Querido amor meu.



S.miguel, 08 de Fevereiro 2015

Querido amor meu,

Este é daqueles dias, frios e chuvosos, em que costumávamos ficar os dois abraçados no sofá a ver aqueles filmes lamechas e a comer pipocas de sabor a manteiga como tu tanto gostavas! 
''Sweet November'' era sempre o mesmo filme e mesmo assim nunca te fartavas. O irónico é que tenho o filme e que estamos mesmo em Novembro, está frio e a chover, tenho as pipocas, só faltas tu...
Saudades. Saudades do teu sorriso patético, do teu perfume que tanto amava só porque ficava entranhado na minha roupa, saudades daqueles teu olhos azuis. Agora percebo a razão pela qual sempre insistias ver o mesmo filme, eu detestava-o. Sim.. era isso eu detestava-o e mesmo assim sempre chegava a uma parte do filme e desatava a chorar e tu? Tu não vias o filme ... olhavas para mim o tempo todo.
Porquê? É tudo o que pergunto. Porquê? Não consigo parar de culpar-me por teres saído por aquela porta.
Uma discussão, bastou isso para saíres a correr e boom! Tudo parou ... é aqui que surge a minha total incompreensão. Lembro-me como se fosse ontem. O estrondo, o homem do carro a chorar e a dizer que não sabia de onde tinhas saído e depois tu ali no chão. Porquê? Não podias ter ficado comigo ali a conversar e a resolver tudo? Quero acreditar que estavas consumido pela raiva... sim, foi isso! Saíste a correr com aquela discussão na cabeça, consumido pela raiva e não viste o carro. 
Dois anos. Ainda te sinto aqui comigo a todo o momento. Terá sido destino? Não me parece ... tu não acreditavas nessas coisas. Estava escrito nas estrelas não é assim? Ainda te ouço a dizeres-me isso. Incrível como tinhas tanta certeza que a nossa história estava escrita nas estrelas, só tínhamos de esperar para acontecer. 
Então era esta a nossa história? Que tragédia! Eu aqui sozinha a ver o nosso filme e tu por aí algures no céu ou ainda a vaguear pela terra de alguma forma. Aqui vai o meu último pedido ... perdoa-me pelas últimas palavras pronunciadas.
Até sempre! 

Da tua,
Sarah

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Dear Pain. I know what it feels like.




Detesto falinhas mansas, por isso vou directa ao assunto.
Eu sei como é ter um pequeno mundo dentro de nós a declarar guerra e viver com um sorriso estampado na nossa cara feito parvos. Acreditem não é uma boa sensação... Na verdade acho que quando se vive assim sensações é algo que não existe. 

Eu sei como é viver na esperança de que estas recordações desapareçam, porque por mais que tente elas estão lá e é como se a cada instante estivesse a reviver aquilo, aquela dor que num momento percorria o corpo todo como noutro momento era apenas mais uma dor que ficaria marcada na alma de alguém que considera-se uma colecção de dores. Sim, como sempre é tolice .. mas eu sei como é viver de todas estas dores e vivo delas porque de nada mais consigo, de resto só sobrevivo. 
O que dói mais? Ter de aguentar tudo sozinha. Poderei estar rodeada de pessoas mas se não formos nós, quem mais será? Quero acreditar que um dia serei suficientemente forte para conseguir superar sozinha os momentos obscuros e que o facto de mais ninguém lá estar irá deixar de me incomodar.
Apesar de tudo isto considero-me minimamente feliz e isso tenho a certeza de que sei como é! 
Todos nós precisamos de alguém que também precise de nós e acho que esse é mesmo o meu problema... preciso tanto de alguém que me valorize que esqueço que primeiro preciso apenas de mim. Mas aqui estou eu sem pressas de ser feliz, a segurar o meu mundo e o dos outros, a aprender a amar-me em primeiro lugar e a viver não só das minhas dores mas também a viver daqueles que as curaram. A esses devo tudo, meus anjos caídos do céu! 
Eu sei como é ser feliz com lágrimas e sei como é viver do lado daqueles que as secam.