sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Dear Pain. Esquecer.



Há dias assim, dias em que nada está certo, dias em que nada faz sentido. Aqui estou eu novamente à procura de inspiração, à procura de uma maneira simples de me expressar, mas isso não é possível. Não há maneira simples de nos expressar-mos. Mas aqui vai...
Hoje, escrevo como maneira de me ocupar, de passar o tempo e esquecer. Esquecer que tenho este vazio dentro de mim, talvez por faltar a tal pessoa, ou por sentir imensas saudades de outras. Esquecer que para o mundo sou um ser invisível, sim! Invisível, porque olham-me nos olhos e simplesmente não me vêm, porque passam por mim no corredor e pareço ser um simples acessório, uma mobília. Esquecer que um dia amei aqueles que foram embora e que me fizeram sofrer. Esquecer que alguma vez esta dor esteve presente na minha vida. Esquecer discussões e palavras ditas da boca para fora. Esquecer as atitudes e decisões tomadas de cabeça quente, porque vieram das pessoas que mais amei e que já cá não estão, foram embora sem sequer dizer adeus. Esquecer que alguma vez desisti de algo, porque desistir não é solução. Esquecer, por momentos, que o amor me bateu à porta e mais uma vez não foi correspondido. Esquecer que vivo num mar de escuridão, que vivo num mundo de dementes. Esquecer o passado que me atormenta no presente. Esquecer o presente que me irá perseguir no futuro. Esquecer... é isto. A vida baseia-se em esquecer. Qualquer coisa que façamos, certa ou errada, será sempre um peso que carregamos, o que parece certo num futuro próximo estará errado e o que parece errado é sempre errado. Tudo isto, deixa um vazio dentro de nós e ao mesmo tempo deixa um peso enorme e por fim vamos querer esquecer, por isso aqui deixo uma proposta.. que tal esquecer o certo e o errado? Que tal esquecer este vazio e este peso? Que tal esquecer que temos o poder de lembrar para deixarmos de querer esquecer?

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Dear Pain. Do you still remember?

Cheguei à praia, sentei-me na rocha e ali permaneci durante horas.
Era inverno, o sol estava a pôr-se e o céu que era cinzento, tornou-se laranja e vermelho quase como fogo, o mar estava agitado de tal maneira, que batia nas rochas e parecia dançar com elas. Sei lá! Olhava e via vida na natureza, o vento não soprava, cantava ... Pode até nem fazer muito sentido, mas tal momento deixou-me com uma nostalgia ... Daqueles tempos, lembras-te?
Quando tu e eu ficávamos horas a olhar o horizonte, abraçados, sem dizer uma palavra, e, no entanto, com apenas um olhar a dizer tudo o que nos ia na alma.
Da noite para o dia tornei-me invisível, fui um mero acessório na tua vida. Acabaram-se as horas de silêncio apaixonantes e começaram não as horas, mas dias de silêncio perturbantes.
Não consigo parar de pensar se tudo isto não foi uma fase, tratas-me como lixo, mas o teu olhar ainda demonstra amor e desejo, ainda fala pela alma.
Porquê complicar? Tal como mar dança com as rochas e com a areia nos dias mais negros de inverno, também duas almas perdidamente apaixonadas dançam nas mais negras fases da vida.